Ter que ir a um banheiro público é parte das atividades diárias de 55% da população mundial que não têm acesso a um banheiro limpo e decente dentro de casa*. Para marcar o lançamento do Objetivo 6 da ONU: Água Limpa e Saneamento, nós queremos revelar a verdade sobre água, banheiros e higiene pelo mundo.

Com base em dados interpretados da pesquisa sobre “Gestão de Saneamento Seguro” da OMS e da UNICEF, um percentual alarmante de 55% da população mundial não têm acesso a um banheiro limpo e seguro em casa.

Segundo dados da OMS, além do impacto na saúde emocional provocado pela falta de privacidade, mais de 800 mil pessoas morrem todos os anos de doenças diretamente relacionadas à água suja, a banheiros inadequados e à higiene pessoal precária. Todos os anos, no mundo todo, mais de 297 mil mortes entre crianças com menos de 5 anos poderiam ser evitadas se houvesse acesso à água e ao saneamento de qualidade.  

Os impactos financeiros ligados à falta de saneamento também são enormes. No Brasil, só em 2018, foram gastos cerca de R$90 milhões (£13 milhões) em internações hospitalares por doenças relacionadas à falta de saneamento. Os gastos do sistema público de saúde brasileiro poderiam ser diminuídos em mais de R$7 bilhões (£1 bilhão) até 2035 com a melhoria da estrutura de saneamento básico. 

A qualidade de vida daqueles que não têm acesso ao saneamento e precisam procurar diariamente por uma fonte de água potável pode ser fortemente impactada.  

Segundo a UNICEF, o trabalho árduo de coletar água geralmente fica com meninas e mulheres, que acabam por gastar em média 200 milhões de horas todos os dias em busca de água potável. Crianças que não têm banheiro em casa podem gastar horas, todos os dias, procurando lugares adequados para fazer suas necessidades - tempo precioso que poderia ser usado na escola.

De acordo com a ONU, um terço das escolas primárias em todo o mundo carece de saneamento básico e de estruturas para higiene, afetando a educação de milhões de crianças, particularmente a das meninas, que necessitam do acesso ao banheiro para realizar os cuidados menstruais. Alguns países simplesmente não dispõem da infraestrutura necessária para fornecer banheiros com descarga em certas regiões. Por exemplo, a estrutura para esgoto e encanamento ou o serviço de esvaziamento de fossas sépticas podem ser encontrados nas cidades, mas não nas áreas rurais.

Um estudo da Universidade de Michigan identificou que, na Índia, mulheres que usam banheiros públicos têm risco duas vezes maior de sofrer violência sexual. "Mulheres que usam locais (a céu aberto) para defecar, como campos ou as laterais dos trilhos de trem, estão até duas vezes mais sujeitas a serem estupradas do que as que usam o banheiro em casa", diz o estudo, que analisa a violência sexual não conjugal.

• O Dia Mundial do Banheiro acontece todo ano, no dia 19 de novembro, com o objetivo de mobilizar as pessoas na luta pelo fim da crise mundial do saneamento, assim como ajudar a alcançar o Objetivo 6 da ONU: Água Limpa e Saneamento, que promete banheiros limpos e seguros para todos até 2030. A data foi criada pela ONU em 2013 visando a impulsionar os seus estados-membros e organizações relevantes a implementar medidas para expandir o acesso ao saneamento nas comunidades pobres. O Dia Mundial do Banheiro tem como intuito destacar três metas específicas do Objetivo 6: 
  
• Promover a todos o acesso adequado e igualitário ao saneamento. 
• Garantir que nenhuma pessoa tenha que defecar a céu aberto, com maior atenção às necessidades de meninas e mulheres. 
• Melhorar a qualidade da água por meio da redução e poluição e do aumento da reutilização segura da água tratada.
  

Na ultima década, a ONG norte-americana GiveLove, fundada pela atriz Patricia Arquette, tem fornecido sistemas de saneamento de baixo custo – banheiros secos/compostáveis – para comunidades que necessitam de instalações emergenciais de saneamento. Em trabalho conjunto com governos, instituições de caridade, escolas, universidades e grupos de jovens, a equipe da GiveLove visita áreas com água escassa e ambientes problemáticos a fim de oferecer alternativas ao saneamento convencional. O plano não é só criar soluções de saneamento, mas também educar "instrutores masters" e técnicos em saneamento para implementar e gerir projetos.

Patricia foi inspirada a montar sua ONG após o maremoto devastador que ocorreu em Janeiro de 2010 no Haiti. Até agora, a GiveLove já desenvolveu projetos em Nicarágua, Colômbia, Uganda, Quênia e Índia. O interesse que Patricia tem em promover o saneamento compostável e melhorar a saúde pública foi impulsionado pela vontade de ajudar comunidades carentes, proteger as reservas de água e recuperar a fertilidade dos solos. Ela própria passou um mês ajudando a construir mais de 100 banheiros ecológicos.

De acordo com a ONU, a escassez de água afeta mais de 40% da população do mundo, e a expectativa é que esse número aumente. Até 2030, é previsto que a falta de água em alguns países provoque o deslocamento de 24 milhões a 700 milhões de pessoas, segundo o Relatório da ONU sobre o Desenvolvimento Mundial de Água de 2009.

As temperaturas mais altas e o clima imprevisível e mais extremo causados pelo aquecimento global afetam a distribuição das chuvas e o abastecimento de rios e lençóis freáticos, bem como o ritmo de derretimento de geleiras. A piora tanto de alagamentos quanto de estiagens graves terá consequências sérias, alerta a ONU. As inundações (e outros eventos relacionados à água) foram responsáveis por mais de 70% de todas as mortes causadas por desastres ambientais entre 2001 e 2018. Inundações também podem destruir fontes de água e contaminar nascentes, enquanto as secas afetam a água disponível para saneamento e lavouras. 

Mais de 80% das águas residuais provenientes de atividades humanas são jogadas nos rios e mares sem antes serem tratadas, aponta a agência da ONU para a água. O Objetivo 6 busca melhorar a qualidade da água até 2030 por meio de: redução da poluição; minimização da emissão de produtos químicos e materiais nocivos nas água; corte pela metade da parcela de águas residuais não tratadas; aumento da reciclagem e reutilização segura da água mundialmente.

Acredita-se que a Floresta Amazônica armazena mais da metade da água pluvial da terra, aponta a Rainforest Concern, uma instituição de caridade global que trabalha em Brasil, Índia, Costa Rica, Equador, Belize, Romênia, Chile e Colômbia. Florestas tropicais fornecem água para a atmosfera por meio de um processo chamado transpiração. Em poucas palavras, plantas liberam água pelas suas folhas durante a fotossíntese, criando assim a neblina, as nuvens e as chuvas. 

O desmatamento é uma ameaça séria ao clima e à biodiversidade no planeta. Em 2019, nós perdemos o equivalente a um campo de futebol de floresta tropical a cada seis segundos, apontam dados da Global Forest Watch. Sem as florestas tropicais para reciclar as águas e reabastecer os rios, lagos e sistemas de irrigação, as secas se tornarão mais frequentes, possivelmente agravando a fome no mundo.

"Não iremos conseguir reduzir os impactos das mudanças climáticas e promover o desenvolvimento sustentável se nós não preservarmos nossas florestas e usarmos de forma sustentável os recursos que elas nos oferecem", enfatiza José Graziano da Silva, diretor-geral da Agência das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO).

Com a sua ajuda, podemos construir estações de higiene e água em todo o Brasil, fornecendo água potável para as comunidades mais vulneráveis do país. #TOGETHERBAND e Harpic estão trabalhando com o Pacto Global da ONU no Brasil para construir cinco estações de água, mas precisamos de mais. Por favor, doe agora para fornecer água limpa a milhares de pessoas e ajudar a salvar vidas.

Fotografias: Shutterstock

*Com base em dados interpretados da pesquisa sobre “Gestão de Saneamento Seguro” da OMS e da UNICEF.